quinta-feira, 12 de abril de 2012

MINHA IRA É RAZOÁVEL ATÉ A MORTE!



“Então, fez o SENHOR Deus nascer uma planta, que subiu por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua cabeça, a fim de o livrar do seu desconforto. Jonas, pois, se alegrou em extremo por causa da planta. Mas Deus, no dia seguinte, ao subir da alva, enviou um verme, o qual feriu a planta, e esta se seco [...] Então, perguntou Deus a Jonas: É razoável essa tua ira por causa da planta? Ele respondeu: É razoável a minha ira até a morte”.

SERIA POSSÍVEL QUE O CONJUNTO DE SINTOMAS PRESENTES NA VIDA JONAS TAMBÉM SE DESENVOLVESSE EM NÓS?

Jonas está discutindo porque foi surpreendido pela graça. Ele está tão chocado que está sendo mal-educado.
Sua ideia do que Deus tinha de fazer e o que Deus faz na verdade são radicalmente diferentes. Jonas se lamenta. Jonas fica bravo. A palavra ira ocorre cinco vezes nesse último capítulo.

Jonas se inflama por causa de uma frustração infantil. O que revela é uma imaginação imatura, uma vocação subdesenvolvida. O seu erro não está na cabeça, mas no coração. Não foi um erro teológico que acendeu sua ira, mas uma pobreza espiritual. Ele conhecia seus dogmas, “pois sabia que Deus era clemente, e misericordioso, tardio em irar-se e grande em benignidade, e que te arrependes do mal”(4:2). Não, não havia nada de errado no seu conhecimento sobre Deus. Mas ele não tinha experiência nos caminhos de Deus.

O desapontamento de Jonas veio da falta de imaginação, da falta de amor.
Ele não sabia o que Deus estava fazendo, não conhecia a grandiosidade do seu amor, misericórdia e salvação. Reduziu sua vocação à sua própria realização – estar no lugar certo, na hora certa – mas interpretou tudo à luz da suas próprias ideias e desejos. Certamente o fato de ter obedecido, de ter feito o que foi chamado a fazer, era louvável. Mas ele era inexperiente nas coisas de Deus, um estranho para a graça. Tinha um programa traçado para Nínive (“Nínive será subvertida!”). Mas Deus tinha um destino a cumprir em Nínive (“... e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive?”).

O programa de Jonas era o dedo indicador de uma criança; o destino de Deus era um gesto enorme. Jonas tinha um plano infantil que não foi aprovado;
Deus tinha um destino imensamente dimensionado que surpreendeu a todos quando foi realizado.
Jonas supôs que sabia exatamente o que Deus faria; quando Deus não o fez, ficou desapontado. Deus tinha propósitos que excediam a tudo que Jonas imaginara. Jonas achou que tinha de ir a Nínive fazer um trabalho religioso, administrar um programa religioso. Deus trouxe Jonas a Nínive para dar-lhe uma experiência com Sua graça surpreendente. A situação se inverteu; não era mais Jonas pregando para o povo de Nínive, mas o povo de Nínive pregando para Jonas, convidando-o a uma vocação bem maior do que ele imaginava.

Para Jonas, no caso de Nínive, a mensagem de arrependimento era apenas um protocolo prévio para o cumprimento da “justiça” destruidora de Deus sobre aquela nação “perdida e irrecuperável”.

Jonas parece um personagem pequeno e insignificante – satisfeito com a planta que cresce e o refresca, insatisfeito quando a planta seca e ele fica queimado pelo sol quente. COMO ELE PODE FICAR REDUZIDO A EMOÇÕES TÃO ÍNTIMAS, OBSESSÕES TÃO INSIGNIFICANTES, TÃO POUCO CONFORTO, DESCONFORTO TÃO BANAL? Aqui está um homem que esteve dentro do ventre do peixe e saiu, que se comprometeu sacrificialmente a ser um ministro fiel em Nínive, em vez de um turista narcisista em Társis.
Ele viu Nínive, sua congregação, voltar-se para Deus. E estava irritado.

Estava irritado porque as coisas não aconteceram como ele esperava. Seu programa não se cumpriu.
Não importava que por meio da sua pregação homens ouvissem e obedeceram a Deus; Jonas fora ignorado. Então Jonas estava-se lamentando, discutindo com Deus. Ele confundiu facilmente a vocação bíblica com a qual fora chamado à obra de Deus com um trabalho religioso em que usou Deus como um acessório no seu trabalho (e quando Deus não fez o que deveria, ele o repreendeu).

Como Jonas, às vezes discutimos com
Deus porque Ele não é um literalista. Enquanto fazemos o gesto do indicador ao qual reduzimos nossa vocação, Deus acena com Seus braços eternos dando Suas boas-vindas imensas e convidativas.

A HISTÓRIA DE JONAS TEM UM FINAL INACABADO: JONAS DISCUTINDO COM DEUS, E DEUS LHE FAZENDO UMA REPREENSÃO COM UMA PERGUNTA:
“E NÃO HEI DE EU TER COMPAIXÃO DA GRANDE CIDADE DE NÍNIVE?”

Qual será a resposta de Jonas? Ela não é dada. A resposta de Jonas não está na história. Mas a ausência da resposta não é uma falha literária. Aqui temos a oportunidade de darmos nossa própria resposta no lugar de Jonas.

Será que Jonas passou o resto da sua vida evitando o jeito "estranho" de Deus agir? Não sabemos o que Jonas fez depois da sua discussão com Deus. Ele voltou para Jope irado e tentou pegar outro navio par a Társis fugindo novamente da presença de Deus? Ou ficou em Nínive, vivendo na grandeza de Deus, abraçando a misericórdia surpreendente e imensurável de Deus, envergonhado pelo resto da vida por causa da discussão?

A curiosidade sobre a palavra final de Jonas nos leva a imaginar qual seria a nossa própria palavra. E não é “imaginação” no sentido especulativo, imaginando como as coisas aconteceriam conosco, mas imaginando no sentido de adoração, nossas imaginações alteradas de tal forma
POR ESSA HISTORIA DE JONAS QUE VEMOS O MUNDO IMENSO DA GRAÇA DE DEUS QUE PRIMEIRO PURIFICA E DEPOIS MOLDA NOSSAS VOCAÇÕES NO FOGO DA SANTIDADE.

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